Uma nação marcada pela segregação racial, vivendo apenas 16 anos de aparente igualdade social desde o fim do Apartheid, o qual ditava as regras de divisão entre brancos, pretos e indianos, designando banheiros, bancos, lojas e praias específicos para cada “raça”. Bairros chiques e bem urbanizados, arquitetura britânica e holandesa, exaltando riqueza, distante apenas 20 minutos de um pitoresco quadro tipicamente africano: Sequidão, árvores retorcidas, ruas de areia e muitas crianças saltitantes com os olhos fixos e atentos na novidade: UM GRUPO DE BRANCOS DANÇANDO, RINDO E DISTRIBUINDO PRESENTES.
Detalhes peculiares que marcaram minha estadia em Durban:
Negar meus hábitos cultivados desde a infância não foi muito fácil. Precisei aprender a jogar o papel higiênico na privada. No banheiro há apenas um lixinho para depositar potes de xampu vazios e outros materiais impermeáveis. No começo era um tanto conflitante fazer isso, por fim, me adaptei a idéia. Hoje, considero HIGIÊNICO e PRÁTICO. Mas, seria necessário mais do que apenas 28 dias vivendo na África pra me fazer mudar totalmente de hábito.
Manutenção e limpeza geralmente não são tarefas muito agradáveis. E pode ser ainda mais difícil, dependendo do modo como é necessário realizar isso. Que tal lavar a louça em duas bacias? Ou pior, em apenas uma bacia! Pra esclarecer a simplicidade desse modo europeu, adaptado na África do Sul, de eficiência questionável, vou resumir em 4 passos:
1)Mergulhe o prato, talheres e copo sujos numa bacia com água quente e detergente;
2)Escove ou passe a esponja na louça;
3)Mergulhe novamente na mesma água para enxaguar os itens;
4)Agora, seque!
Tire suas próprias conclusões ! hehehe ..
(até que era divertido ver os pedaços de cenoura e restos de arroz flutuando naquela água amarelada devido o resto de curry).
Alimentação
Não pensei que sentiria tanta falta de arroz, com feijão e bife. Dia após dia era um pequeno desafio encarar as refeições e tentar saborear os diferentes temperos e cardápio. Cafés da manhã com ovos e bacon fritos, pão com feijão e mingau de aveia. Os almoços eram servidos com alimentos leves, diferente para brasileiros acostumados a fazerem desta a refeição mais importante do dia. E no final do dia, jantas mais completas. Tudo com muito amor, PIMENTA e pão.
pão com molhos apimentados;
pão com bacon;
pão com ovo;
pão com geléia;
pão com manteiga;
pão com feijão;
pão com salada;
pão com curry;
Na nossa última refeição, nos foi servido um prato típico: A metade de um pão de forma não fatiado, retirado o miolo e recheado com um bonito molho de carne com batatas, cenoura e PIMENTA. [Isso que os cozinheiros haviam colocado pouco tempero.] Nesse dia mordi um pedaço de pimenta do reino não moída. Queimando, ardendo e lacrimejando, deixei de lado o prato feito e jantei: PÃO.
Gostaria de aplicar os versículo de Hebreus13:3
"Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados,
como sendo-o vós mesmos também no corpo."
Neste caso CULTURAL, foi necessário se adaptar, se enquadrar no modo de vida deles. Não com murmuração, desânimo e ingratidão, mas com um coração que se põe na brecha pelo povo em todos os sentidos. Vivendo, sofrendo, saboreando e aceitando a diversidade. Não foi muito fácil, mas, creio que o Senhor recebe essa disposição como nosso sacrifício vivo e racional.
Muito bom.
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