quarta-feira, 8 de setembro de 2010

CARELINE – Centro de Recuperação para Drogados e Depressivos

Poucos dias antes de irmos para Durban, ninguém tinha certeza onde ficaríamos hospedados, mas alguns contatos na África do Sul facilitaram nosso caminho, proporcionando uma estadia tranqüila no Centro de Recuperação CARELINE.

ABRE PARENTESES”

(Este lugar existe há uns 20 anos, liderado pela Irmã Joe, mulher cheia de valores cristãos e temente a Deus. No começo de seu ministério, ela e sua equipe estavam precisando de doações para a construção das casas de recuperação. CURIOSAMENTE, naquela época havia uma equipe de Jocumeiros, os quais, em um momento rotineiro de oração e intercessão, visualizaram/ouviram as palavras “Joe” e “blocs” [usados em construção]. A equipe percorreu algumas cidades da África do Sul, até encontrarem em Durban, no bairro Assagay uma tal de “Joe” que precisava de “blocs” para iniciar a construção do ministério.

INTERESSANTE, não?!

Sendo assim, a Irmã Joe tinha o coração muito agradecido aos irmãos da Jocum e nos recebeu com muito carinho e satisfação. Inclusive, incentivou os homens do CARELINE a construir uma pequena cabana para alojar os meninos da equipe brasileira.) “FECHA PARENTESES”

Como definir esses 10 primeiros dias?

GRATIDÃO

Com toda boa intenção, eles nos ofereciam refeições tipicamente sul-africana e indiana: pão com pimenta, pão com curry, pão com ovo, pão com feijão, pão com pasta de amendoim, pão com geléia e mais pão.

Os molhos e carnes são bastante apimentados. Sucos exóticos de cores diversas: vermelho groselha, amarelo neon e verde criptonita.

Mesmo não apreciando completamente o estilo da culinária, desenvolvemos um coração grato por aquilo que Deus estava nos dando pelas mãos dos nossos novos amigos em Durban.

RELACIONAMENTOS

A nossa vontade era chegar na África do Sul, vestir o uniforme e já começar a FAZER, mas esses primeiros dias foi um tempo de preparação, ensaios de coreografia, teatro e tempo de aprimorar nossos RELACIONAMENTOS, verificando o que eles expressam.

“Como assim?”, você deve estar se perguntando.

Vou explicar com detalhes.

Entramos na rotina da casa. Eu e mais 5 participantes estávamos hospedados em outra casa integrante do CARELINE, distante uns 20 minutos de onde o resto da equipe se encontrava. Pela manhã, acordávamos em torno das 5h50 e às 7h era o nosso momento de devocional. Tomávamos café-da-manhã com o pessoal da casa (pão, chá com leite e outras coisas diferentes), e depois tínhamos nosso tempo em equipe de ensaios e para compartilhar aquilo que Deus estava falando aos nossos corações nesses dias, inclusive era o tempo de preparar a programação da tarde.

Nossas tardes eram momentos de interação com os internos. Algumas dinâmicas divertidas, jogos de futebol, vôlei e hugby, sempre aplicando princípios bíblicos no final de cada brincadeira.

No começo, sentimos a resistência da parte dos internos. Muitos estranharam a nossa presença:

-“O que esse bando de brasileiros que nem sabe falar inglês direito quer nos ensinar?...”, disse João*, interno da casa.

Eram eles viciados em drogas, depressivos e alcoólatras. Pessoas ricas que desperdiçaram suas vidas em busca de uma satisfação mais profunda. Ex-integrantes de gangues rivais, dominados pelo ódio e sentenças de morte tendo que conviver debaixo do mesmo teto. Corações amargurados, necessitados e fechados, escondendo a dor de uma vida frustrada.

Mas a nossa intenção era agir no espírito oposto. Apesar de toda a dificuldade que tínhamos em relação à língua (*contarei outro testemunho a este respeito no próximo post no blog), nossa motivação era estar o mais próximo deles. Conhecer melhor e tentar entender seus problemas e crises. Muitos ali nunca haviam contato suas histórias tristes para o grupo da casa de recuperação.

Em apenas 10 dias conseguimos ver algumas diferenças na vida deles.

Aquele que não gostava das coisas de Deus sentiu-se incentivado a participar de cultos na igreja e a buscar conhecimento da Verdade. Quem gozava das demonstrações de fé de outros fiéis aprendeu a respeitar os pensamentos cristãos de seu companheiro.

Há um testemunho que me alegrou intensamente: havia um deles que anotava diariamente algumas coisas em um caderno. Certo dia pediu ajuda ao nosso líder para responder uma pergunta. Estava escrito no caderno dele:

“COMO POSSO VIVER MELHOR PARA AGRADAR O CORAÇÃO DE DEUS?”. Não há melhor presente do que este: perceber a motivação gerada no coração dos outros por meio do nosso convívio. Nossas vidas expressavam o amor de Deus ao ponto deles sentiram confiança na nossa presença e pela primeira vez abrirem seus corações a fim de receberem cura.

Nosso último dia foi muito marcante. Alguns dos brasileiros contaram seus testemunhos de salvação e restauração, incentivando-os a permanecerem firmes nas Palavras que haviam recebido nesses dias. Os rapazes e moças do CARELINE agradeceram a amizade, carinho e diferença que nossas vidas fizeram na atmosfera espiritual daquele lugar, trazendo alegria, amor e revelação da Verdade que liberta.

-“... agora eu sei que Deus tinha um grande propósito com a vida de vocês aqui. Ele queria nos ensinar como amar uns aos outros.”, disse João, terminando sua explicação.

Antes de irmos embora, uma das meninas estava triste pela nossa partida, ela dizia que agora a alegria acabaria. Minha resposta foi: “a nossa fonte de alegria e satisfação está em Jesus Cristo que deu seu infinito amor por nós. Essa alegria pode permanecer se vocês buscarem se saciar no mesmo Deus, conhecendo Ele através da leitura da Palavra”.

Além de notar diferença na vida deles, também identificamos respostas geradas no nosso coração. Aprendemos, de maneira muito prática, que a ação de Deus não depende somente da nossa capacidade e preparação no FAZER e REALIZAR, mas necessita do SER e EXPRESSAR, tornando nossas vidas e relacionamentos o reflexo do amor de Deus, estendendo misericórdia e graça.

Minha expectativa agora é que essa alegria permaneça POR MEIO DOS RELACIONAMENTOS deles com Deus e uns com os outros.

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” João 13: 34 e 35

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